sábado, 19 de março de 2011


[passe livre]

Passe Livre
Hall Pass, 2011
Peter Farrelly & Bobby Farrelly


Não estou entre aqueles que conseguem enxergar no cinema dos irmãos Farrelly algo de genial, transcedental. Não acho que filmes como Débi & Lóide, Kingpin - Esses Loucos Reis do Boliche, Quem Vai Ficar com Mary? e Eu, Eu Mesmo e Irene mereçam ser chamados de obras-primas, por mais que sejam, de fato, muito engraçados - são apenas boas comédias, bons exemplos de como se fazer um besteirol competente.
Por outro lado, devo assumir que há algo no trabalho dos Farrelly que me encanta: sua capacidade de abusar da grosseria, de sequencias e personagens que beiram o grotesco, indo muito além da costumeira caretice do cinema de comédia produzido em Hollywood. Se não têm o humor sarcástico das grandes comédias britânicas, ao menos os filmes dos Farrelly são suficientemente ousados para ultrapassarem os limites do "bom gosto", chateando os imbecis de plantão. Com Passe Livre não é diferente. O que poderia ser uma obra convencional, carregada de clichês e moralismos acerca de dois amigos que ganham liberdade de seus casamentos por 1 semana, nas mãos da dupla de diretores se torna um filme carregado de um humor agressivo, que não se preocupa nem um pouco em ser bem comportado ou politicamente correto. Assim, se um personagem é salvo por dois homens nus de se afogar em uma sauna, podemos ter certeza de que os Farrelly farão piada com o tamanho de seus órgãos genitais, filmando-os sem nenhum pudor. O mesmo vale para a hilária sequência da masturbação no carro, onde os diretores aumentam a duração da cena de forma quase sádica, tornando ainda mais ridícula a situação vivda por um de seus protagonistas (vivido pelo ótimo .
O melhor de tudo nos filmes dos irmãos Farrelly é que esse excesso de grosseria e "mau gosto" serve sempre a filme genuinamente engraçados. Eles possuem esse talento de arrancar risos (ou melhor, gargalhadas) do espectador em situações que, se conduzidas por outros cineastas, dificilmente soariam tão engraçadas. E como é bom rir sem limites ou preocupações - e melhor ainda é continuar lembrando e rindo das situações insanas mostradas pelos Farrelly em Passe Livre.


P.S.: Os irmãos Farrelly também merecem elogios pelo casting do sempre ótimo Richard Jenkins num papel, no mínimo, inusitado. Aí sim até senti vontade de chamá-los de gênios...

5 comentários:

Marcelo Müller disse...

Os irmãos Farrelly certamente não são gênios ou algo que o valha. Particularmente não gosto da maioria de suas realizações, muito pela grosseria vulgar que permeia suas articulações, mas devo concordar com você que só pela faceta transgressora da "moral e dos bons costumes", da afronta ao "politicamente correto", eles merecem, no mínimo, atenção. Ainda não vi "Passe Livre", não chegou por estas bandas até o momento, mas quando chegar, de repente eu vá conferir um pouco de escatologia e incorreção, neste mundo dominado pelo asséptico. Sempre é bom.

Abraços

Christopher Faust disse...

são gênios. Ninguém hoje no mundo filma uma gag com uma decupagem tão eficiente e elegante quanto os caras (elegante mesmo quando há orgãos genitais ou uma garota espirrando pelo cu em cena)

Anônimo disse...

Os irmãos Farrelly perderam a graça há MUITO tempo! Pelo menos, esse filme não tem tantas piadas de mau gosto assim, exceto pela cena do Owen Wilson na sauna...

Rafael Carvalho disse...

Sabe, não sou dos maiores fãs do Farrelly, não. Na verdade, não curto muito essa nova leva de comediantes norte-americanos. Mas talvez veja esse filme pra entreter um pouco. Os comentários têm sido muito positivos.

BillyCapra disse...

Não acho tão inspirado quanto os outros, mas mesmo assim tem seus momentos e é redondinho em seu contexto.