domingo, 22 de abril de 2012


[heleno]

Heleno  
Heleno, 2012
José Henrique Fonseca


Talvez pelo fato de raramente o futebol render grandes filmes, José Henrique Fonseca foi buscar no boxe, o mais bem-sucedido cinematograficamente dos esportes, inspiração para filmar a vida de Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo na década de 1940: Heleno tem Touro Indomável, a obra máxima de Martin Scorsese, a todo tempo no horizonte. Ou, ao menos, é essa a impressão que fica (mesmo que a referência à biografia de Jake LaMotta não tenha sido proposital) diante da história de um atleta vencedor em seu métier, mas derrotado por seu temperamento explosivo e incapacidade de lidar com o sucesso - e, ainda por cima, filmada em um belíssimo preto e branco.
O grande acerto de Heleno é a coragem de, num país apaixonado por futebol, deixar o esporte em segundo plano, diante da intensa vida de seu protagonista. A trajetória de Heleno, apresentada de maneira fragmentada e sem nenhum grande exagero na dramaturgia, é comovente. É claro que Fonseca não é Scorsese e Rodrigo Santoro não é Robert De Niro. Mas a atuação explosiva deste, hipnótico em cena, e a direção elegante daquele, tornam a comparação com Touro Indomável não uma depreciação a um filme menor pretensioso, mas um elogio gigantesco a uma obra surpreendente em sua qualidade.

2 comentários:

Alan Raspante disse...

Estou esperando a estreia deste na minha cidade!

Rafael Carvalho disse...

Essa coisa do futebol ficar de lado até me agradaria mais no filme caso aquilo em que se a narrativa resolver se deter fosse mais interessante. Porque rodar ora em torno das conquistas amorosas do jogador ora da sua doença no fim da vida torna tudo muito redundante e cansativo. Parece que o filme não engrena nunca. Entendo o trabalho primoroso de Walter Carvalho e a atuação esforçada do Santoro (talvez esforçada demais, exagerada demais, que não faz jus ao talento do próprio filme), mas acho que o filme não os merece. Enfim, me decepcionei demais com a obra.