quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Piores indicados brasileiros ao Oscar


Aproveitando a estreia nos cinemas brasileiros do fraco Pequeno Segredo, de David Schurmann, que numa mistura de motivos políticos mesquinhos e concepções estéticas equivocadas acabou escolhido para representar o Brasil no Oscar 2017, listo abaixo outros cinco filmes ruins que o país mandou para avaliação da Academia. Em todos os casos, o Brasil ficou de fora dos indicados finais. 


5- Salve Geral (2009)


Um filme qualquer coisa dirigido por Sergio Rezende, especialista nesse tipo de cinema (são dele várias cinebiografias históricas caretas, como Lamarca, Zuzu Angel e Mauá). Poderia ser uma potente crônica da violência urbana brasileira, como foram os dois Tropa de Elite (2007 e 2010), de José Padilha, mas não passa de um dramalhão com ares televisivos, que ao menos tem boas atuações de Andréa Beltrão, Denise Weinberg e Eucir de Souza.

Grande filme brasileiro do ano: Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte

4- Última Parada 174 (2008)


Essa seleção caiu no colo de Bruno Barreto após o “candidato natural” daquele ano, Linha de Passe, ser tirado da disputa por opção de um seus diretores, Walter Salles. Voltando à poderosíssima história já contada pelo documentário Ônibus 174 (2002), Barreto fez um filme sem vida, que não consegue justificar sua existência diante da versão anterior de José Padilha. Além disso, há o absoluto desperdício de todo o episódio do sequestro e um final novelesco constrangedor.

Grande filme brasileiro do ano: Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas

3- A Morte Comanda o Cangaço (1960)


Primeiro representante do país no Oscar, esse aqui é um western sertanejo conservador, artificial e cafona, dirigido pelo antiquado Carlos Coimbra (de Independência ou Morte). A narrativa se arrasta por pouco mais de uma hora e meia e o olhar lançado por Coimbra para o sertão nordestino é absolutamente pasteurizado, algo próximo do que Marcel Camus fez com a favela e o carnaval em Orfeu Negro. Contraposta a A Morte Comanda o Cangaço, a explosão revolucionária promovida poucos anos depois pela trinca Vidas Secas/ Deus e o Diabo na Terra do Sol/ Os Fuzis faz ainda mais sentido.    

Grande filme brasileiro do ano: Cidade Ameaçada, de Roberto Farias

2- Tieta do Agreste (1996)


A protagonista de Aquarius já estrelou um filme brasileiro selecionado pelo país para o Oscar. Pena que foi esse abacaxi desconjuntado de Cacá Diegues, diretor que já tentou algumas vezes, sempre em vão, chegar à premiação da Academia. Adaptado do romance de Jorge Amado, Tieta do Agreste tem uma narrativa totalmente confusa, personagens caricaturais, piadas constrangedoras e um visual pitoresco de novela das sete. Nem Sonia Braga salva o filme do desastre.   

Grande filme brasileiro do ano: Como Nascem os Anjos, de Murilo Salles

1- Olga (2004)


Por falar em novela... alguém inventou algum dia que para agradar a Academia bastaria submeter à seleção um filme sobre Holocausto. É a tal “cara de Oscar”. Daí veio Olga, adaptação da potente e trágica história da militante comunista Olga Benário, dirigida por Jayme Monjardim como uma minissérie histórica da Globo, um tipo de sequência estética de A Casa das Sete Mulheres. O resultado é um dramalhão horroroso, que chega a ser cômico involuntariamente.   

Grande filme brasileiro do ano: Entreatos, de João Moreira Salles